Aranhas:
As aranhas são artrópodes
pertencentes à Classe Arachnida, a mesma dos escorpiões, apresentando corpo
dividido em cefalotórax e abdome, com quatro pares de pernas, apêndices,
quelíceras e fiandeiras. Logo, não são insetos, já que não pertencem à Ordem
Insecta.
A Ordem Araneae, a qual as
aranhas pertencem, é um dos maiores grupos animais no que diz respeito à sua
diversidade. Essas predadoras estão distribuídas por todo o mundo, existindo em
nosso país mais de 12 mil espécies. São muito importantes no controle
populacional de diversos invertebrados – inclusive insetos.
Em razão de a maioria das
espécies construírem teias, desempenhar estratégias muito surpreendentes de
predação, e também possuir veneno, são animais que, além de curiosidade,
despertam medo nas pessoas. Entretanto, acidentes não são tão frequentes, e
ocorrem quando estes se sentem ameaçados. Por isso, é necessário ter bastante
cuidado, por exemplo, ao calçar um sapato sem antes verificar se não há nada
dentro dele.
Três são os gêneros das aranhas
peçonhentas encontradas no Brasil: Phoneutria, Latrodectus e Loxosceles;
abrigando as armadeiras, viúvas-negras e aranhas-marrom, respectivamente. A
partir destes dados, outra informação importante é a de que aranhas
caranguejeiras não inoculam veneno.
Os acidentes causados por aranhas são comuns,
porém a maioria não apresenta repercussão clínica. Os gêneros de
importância em saúde pública no Brasil são a aranha-marrom (Loxosceles), aranha-armadeira
ou macaca (Phoneutria)
e viúva-negra (Latrodectus).
Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porém sem relevância em
saúde pública, sendo que os principais grupos pertencem, principalmente, às
aranhas que vivem nas casas ou suas proximidades, como caranguejeiras e aranhas
de grama ou jardim.
Três gêneros de
aranhas consideradas de importância médica no Brasil:
1. Aranha-marrom (Loxosceles) - Não é agressiva, pica geralmente quando comprimida
contra o corpo. Tem um centímetro de corpo e até três de comprimento total.
Possui hábitos noturnos, constrói teia irregular como “algodão esfiapado”.
Esconde-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros,
rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros
ambientes com pouca iluminação e movimentação.
É comum acidentes com estes animais na hora de
pôr calçados ou roupas, onde elas estão escondidas, ou são vítimas que
colocaram a mão em alguma fresta, mas não é comum elas atacarem sem ser por
defesa, quando se sentem comprimidas. A picada não é dolorida, mas cerca de 14
horas depois há desenvolvimento de edema (inchaço) e eritema (vermelhidão),
podendo ser acompanhado de prurido (coceira). Sua toxina é hemolítica, podendo
não causar problemas apenas na área picada, mas na região visceral, levando o
indivíduo a ter febre, urinar escuro e sem tratamento adequado pode gerar
necrose no tecido local da picada, falência renal e óbito.
2. Aranha armadeira ou
macaca (Phoneutria) - Bastante
agressiva, assume posição de defesa saltando até 40 cm de distância. O corpo
pode atingir 4 cm, com 15 cm de envergadura. Ela é caçadora, com atividade
noturna. Abriga-se sob troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de
bananeira. Pode se alojar também em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob
vasos, entulhos, materiais de construção, etc.
Os aracnídeos do
gênero Phoneutria são
conhecidos popularmente como Aranhas
Armadeiras ou Aranhas
de Bananeiras, com espécies muito agressivas. Durante o período
do dia escondem-se em lugares úmidos e escuros, tendo suas atividades nos
horários noturnos. Essas aranhas não constroem teias para capturar suas presas,
elas imobilizam a vítima com o auxílio do veneno. Estas aranhas caracterizam-se
pela disposição dos olhos em três filas (2-4-2); no abdômen há pares de manchas
claras formando uma faixa longitudinal. As pernas apresentam espinhos negros
implantados em manchas claras. Sua marca registrada é o comportamento defensivo
em posição ereta, com movimentos laterais do corpo e com as pernas dianteiras
elevadas: tal comportamento originou seu nome popular. Estão distribuídas por
quase toda a América Central e do Sul, desde
a Guatemala até o norte da Argentina.
3. Viúva-negra (Latrodectus) - Não é agressiva. A fêmea pode chegar a 2 cm e o
macho de 2 a 3 cm. Tem atividade noturna e hábito de viver em grupos. Faz teia
irregular em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de chuva ou sob
pedras. É encontrada próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como
frestas, sob cadeiras e mesas em jardins.
O gênero Latrodectus pertence à
família de aranhas Theridiidae, popularmente
conhecidas como viúva
negra, representadas por 31 espécies descritas em todo o mundo.
No Brasil, as espécies não são iguais às que normalmente vemos em programas de
TVs ou em filmes: coloração negra com uma ampulheta no abdome, mas sim de cor
marrom. Os acidentes normalmente ocorrem quando essas aranhas são comprimidas
contra o corpo. Os relatos de acidentes com esse gênero são chamados de
Latrodectismo e ocorrem principalmente na região Nordeste. Tais acidentes
somente são ocasionados por fêmeas.
Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae) - As aranhas
caranguejeiras, embora grandes e frequentemente encontradas em residências, não
causam acidentes considerados graves.
As caranguejeiras,
aranhas popularmente conhecidas no Brasil, recebem outros nomes como “Tarântulas” na língua
inglesa e “Baboon spiders” no continente Africano. Estas aranhas fazem parte da família Theraphosidae com
aproximadamente 930 espécies já descritas distribuídas em todos os continentes (exceto Antártica), em
sua maioria concentradas nas áreas tropicais e subtropicais. Diversas
espécies de caranguejeiras são consideradas as maiores do mundo, podendo chegar
facilmente a 25 cm de envergadura de pernas e várias colorações. Por estas
características tem relativa importância econômica na Europa e nos Estados
Unidos como “Pets” exóticos.
Sintomas
Acidentes
com aranha causam sintomas que podem ser leves a severos. Em raros casos, pode
levar à morte.
·
Aranha-armadeira:
causa dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis no local. Raramente
pode ocorrer agitação, náuseas, vômitos e diminuição da pressão sanguínea.
·
Aranha-marrom:
a picada é pouco dolorosa e uma lesão endurecida e escura costuma surgir várias
horas após, podendo evoluir para ferida com necrose de difícil cicatrização. Em casos raros, pode ocorrer o
escurecimento da urina.
·
Viúva-negra:
dor na região da picada, contrações nos músculos, suor generalizado e
alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
Como prevenir acidentes:
·
Manter jardins
e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico,
material de construção nas proximidades das casas;
·
Evitar
folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e
outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada;
·
Limpar
periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois
metros junto das casas;
·
Sacudir roupas
e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas e escorpiões podem se esconder
neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo;
·
Não pôr as mãos
em buracos, sob pedras e troncos podres;
·
Usar calçados e
luvas de raspas de couro pode evitar acidentes;
·
Vedar soleiras
das portas e janelas ao escurecer, pois muitos desses animais têm hábitos
noturnos;
·
Vedar frestas e
buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés
despregados, colocar saquinhos de areia nas portas e telas nas janelas;
·
Usar telas em
ralos do chão, pias ou tanques;
·
Combater a
proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas que deles se
alimentam;
·
Afastar as
camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem
no chão. Inspecionar sapatos e tênis antes de
calçá-los;
·
Preservar os
inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja,
joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, coatis, entre outros
(na zona rural).
O que fazer em caso de acidente aranhas:
·
Lavar o local
da picada;
·
Usar compressas
mornas, pois ajudam no alívio da dor;
·
Elevar o local
da mordida;
·
Procurar o
serviço médico mais próximo;
·
Quando
possível, levar o animal para identificação.
O que NÃO fazer em caso de acidente com
aranhas:
·
Não fazer
torniquete ou garrote;
·
Não furar,
cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida;
·
Não aplicar
folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções;
·
Não ingerir
bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país.
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Considerações Finais
É importante
salientar que a melhor forma de minimizar os riscos com acidentes com animais
peçonhentos é praticar boas praticas ambientais, não acumular entulho, destruir
potenciais esconderijos, não acumular objetos, equipamentos e móveis em desuso,
separar e entregar corretamente o lixo aos serviços de limpeza urbana, manter
as residências em bom estado de conservação e limpeza.
Um ambiente equilibrado e saudável garante
mais segurança e proteção para a saúde.
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